quarta-feira, 28 de julho de 2010

Tártaro


"entre a sombra e a alma"
(Pablo Neruda)
É sempre noite.
Teto e chão de deuses-demônios.
Murcham em seus domínios
as sementes grávidas de passado.
O porvir se esvai... Na impossibilidade do sol.
Onde o verbo não antecede a luz,
o poeta cria escuridão fecunda...
So(m)bras de almas... Perdição.
Não estremeço à força de seus lábios...
Só conheço o que sugerem suas mãos:
- A sonoridade é táctil.
Risco literal de um desejo obscuro...
Virtualidades de um reino subversivo
num infindo interstício noturno.
(Imagem: Hades and Persephonie by Pierrot Lunaire89)

2 comentários:

  1. Belíssimo! ;)
    Perséphone intui vontades que se movem desde as entranhas aflorando à pele, alma e todo ser de Hades...

    ResponderExcluir
  2. Valeu, Francisco!!!
    Hades arrebatou Persephone para o seu reino sem lhe dar escolha...Talvez essa intuição é que permite a ela se movimentar nos dois mundos: claro e escuro.

    Um beijo!

    ResponderExcluir