sábado, 12 de maio de 2018

fauna

a boca se abre e de dentro saltam
velhas alquimias de sede e água
não são fáceis os diálogos entre 
gatos e pássaros
há que se elaborar um dicionário 
de nuances para rastros de pelo e pena
esquecidos sobre cada palavra
atirada no precipício das diferenças 
o poema que já foi um soldado 
entrincheirado
na última guerra dos vencidos
hoje inventa vitórias disfarçadas 
de surrealismo
gato e pássaro ruminam o horizonte 
com suas línguas amputadas
enquanto arrastam devagar 
o seu amor entre as folhagens.


                                                             (Erik Satie - Gnossienne Nº1)





Nenhum comentário:

Postar um comentário