terça-feira, 29 de junho de 2010

O cão sem plumas III (Fábula do Capibaribe)

"No extremo do rio
o mar se estendia,
como camisa ou lençol,
sobre seus esqueletos
de areia lavada.
...
O rio teme aquele mar
como um cachorro
teme uma porta entetanto aberta,
como um mendigo,
a igreja aparentemente aberta.
...
Primeiro,
o mar devolve o rio.
Fecha o mar ao rio
seus brancos lençois.
O mar se fecha
a tudo o que no rio
são flores de terra,
imagem de cão ou mendigo."
(João Cabral de Melo Neto)

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