a boca se abre e de dentro saltam
velhas alquimias de sede e água
não são fáceis os diálogos entre
gatos e pássaros
há que se elaborar um dicionário
de nuances para rastros de pelo e pena
esquecidos sobre cada palavra
atirada no precipício das diferenças
o poema que já foi um soldado
entrincheirado
na última guerra dos vencidos
hoje inventa vitórias disfarçadas
de surrealismo
de surrealismo
gato e pássaro ruminam o horizonte
com suas línguas amputadas
enquanto arrastam devagar
o seu amor entre as folhagens.
(Erik Satie - Gnossienne Nº1)
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